quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Fim da linha

A viagem está chegando ao fim. Mais duas ou três estações e acho que despeço-me de quem me acompanha e de quem acabou de chegar e já quer sentar na janelinha e conversar com o motorista. Mas valeu a experiência. Pra quem, não sei... Uma amiga disse que a gente precisa passar (e pagar passagem) por algumas situações difíceis (eu diria beirando ao insustentável) pra valorizar o que se tem. Ok, eu, realmente, tenho muito e não tenho sabido dar o devido valor, mas e esses passageiros da agonia? Estão pagando o quê? O prejuízo das coisas tragadas pelas inundações como a Maria de Fátima, da história postada aqui? Ah, claro... Estão pagando uma noite em claro na rua, com um monte de crianças e trouxas, porque pegou o trem errado. Sinceramente? Êta precinho caro que a galera paga... Vai muito além dos 2,55 cobrados pela CPTM. Barato mesmo, só os rauss, amendoins crocantes e os palitos de chocolate (eu não compro, porque estou de regime desde a Idade Média).
Talvez o sacrifício tenha servido para me inspirar a criar, a voltar a escrever, sem ninguém aprovando ou desaprovando; se não fosse o trem, não sentiria de perto os personagens que criei e vi. Homens da caverna em meio a vendedores ilegais, moças bem-comportadas e figuras de filmes de ficção. Pensei cá, com meus pensamentos, que se dessem certo as histórias, a coisa se transformaria de uma Maria Fumaça, a um trem-bala, daqueles que atravessam a Europa inteira em um segundo... A gente viaja, né?
Estação Lapa. O calor está me consumindo. Sem personagens interessantes no trem que vai pra Barra Funda. Vou dar um tempo. Quem sabe algo acontece.


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